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Pará de Minas,22/12/2024

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'Frustrante', diz futura presidente do Superior Tribunal Militar sobre redução na pena de militares no caso Evaldo Rosa

g1.globo.com
'Frustrante', diz futura presidente do Superior Tribunal Militar sobre redução na pena de militares no caso Evaldo Rosa
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Ministra Maria Elizabeth Rocha votou contra redução das penas, que superavam 30 anos e foram reduzidas a pouco mais de três. "Os agravos cometidos foram uma verdadeira barbárie", disse sobre a ação, em 2019. 'Frustrante', diz futura presidente do STM sobre redução na pena de militares no caso Evaldo Rosa
Ministra e futura presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha definiu como "frustrante" a diminuição nas penas dos militares que fuzilaram com 257 tiros e mataram dois homens no Rio de Janeiro, em 2019 (leia mais abaixo). A fala foi feita em entrevista no Estudio I, da GloboNews.
"Realmente, foi um pouco frustrante ver a diminuição das penas na medida em que os agravos cometidos foram uma verdadeira barbárie", afirmou. Segundo ela, não é possível explicar como se considera um homicídio sem intenção de matar em um caso com quase 300 disparos.
A ministra afirmou considerar que a sociedade brasileira está "adoecida pela violência urbana" e as operações militares colocam o Exército para atuar de forma "equivocada".
"Os exércitos não estão preparados para lidar com a criminalidade urbana, com a população civil. Isso é um papel das polícias militares. Então, o Exército trabalha com a letalidade e foi lastimavelmente o que nós nos demos conta ontem no julgamento", disse a ministra.
A ministra, que assumirá o tribunal em março de 2025, considerou "lamentável que o Brasil tenha chegado a esse ponto de entender que a criminalidade tem que ser tratada com o extermínio e com a morte, e não com julgamentos e políticas públicas de reinclusão ou de educação social".
Carro é fuzilado pelo Exército no Rio, causando a morte do músico Evaldo Rosa, de 51 anos
Reuters/Fabio Texeira
Questionada se é possível interpretar a decisão diferente do que corporativismo, a ministra afirmou que vê com tristeza a análise pois, em seu voto, incluiu "matérias constitucionais", como racismo estrutural e a violência institucional.
"O patriarcado, o racismo estrutural é invisível e confina pessoas em lugares pré determinados. É como se essas pessoas não tivessem o direito de alcançar os postos de poder, os postos de comando. (...) Por isso que eu fiz questão de falar ontem sobre a violência institucional do Estado, porque ela é contra todos nós, minorias (...) e que hierarquiza seres humanos em papéis sociais determinados", disse.
Questionada sobre os militares investigados e indiciados por participarem de uma tentativa de golpe de estado para impedir que o presidente Lula assumisse o poder em 2023, a ministra afirmou que a instituição militar "continua impermeável ao golpismo".
"A instituição militar continua impermeável a golpismos e batendo continências ao legalismo. Os militares sempre foram legalistas, isso é um fato", disse. "Nós temos que separar instituições e pessoas porque, dentro das instituições existem, sim, pessoas que claudicam".
Relembre o caso
Na noite de quarta-feira (18), o tribunal reduziu as penas de oito militares do Exército condenados pelas mortes do músico Evaldo Rosa e do catador de latinhas Luciano Macedo, em abril daquele ano. A ministra Maria Elizabeth foi foto vencido na decisão.
Dois dos militares foram sentenciados a 3 anos e seis meses de detenção. Outros seis militares, a três anos de detenção. Antes, as punições eram superiores ou se aproximavam dos 30 anos de prisão.
Todos vão cumprir a pena em regime aberto.
Não cabe mais recurso da decisão na Justiça Militar, já que o STM é a última instância. Contudo, ainda é possível questionar a constitucionalidade da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF).

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