Alta dos alimentos: setor privado teme medidas intervencionistas e avalia que governo tem 'culpa' por alta no dólar

Diante da elevada preocupação do presidente Lula em relação à alta do preço dos alimentos, o setor privado ainda teme que o governo adote medidas intervencionistas.
Representantes do segmento avaliam que a maior responsabilidade pelo aumento nos custos das prateleiras é do governo, que não consegue transmitir certeza na área fiscal para baixar a cotação do dólar no país.
Nesta quinta-feira (6), a equipe de Lula terá nova reunião com empresários para fechar medidas a serem levadas ao presidente.
Governo Federal se reúne hoje para discutir inflação dos alimentos
O setor privado evita entrar em confronto com o governo Lula, mas entre empresários há uma queixa de que o presidente tem tentado transferir para produtores e supermercados parte da culpa pela alta dos preços.
Além disso, reclamam que a equipe presidencial não consegue endereçar seus problemas internos, gerando desconfiança entre investidores.
Um empresário disse ao blog que o cenário poderia não ser tão ruim se não houvesse a disparada do dólar no final do ano passado.
O governo, do seu lado, reclama que os empresários são rápidos em repassar aumento de custos, mas muito lentos em reduzir preços quando há uma baixa de custos.
O tom de cobrança nesta linha tem incomodado o setor privado, que busca mostrar para o governo que a tendência é de queda dos preços neste primeiro semestre com a colheita da nova safra agrícola.
Alta do preço dos alimentos é considerada pro analistas um dos principais fatores por trás da queda recente de popularidade do governo Lula
Ricardo Stuckert/PR
Medidas incômodas
Os produtores rurais ainda temem medidas intervencionistas como a criação de cotas para exportações para garantir produtos suficientes no Brasil.
Essa medida é vista como errática, que prejudicaria quem é a solução, e não combateria a origem do problema, que está, principalmente, no câmbio mais alto no Brasil.
Assessores de Lula garantem que o presidente não irá adotar medidas populistas e intervencionistas, mas dizem que o presidente quer uma contribuição do setor privado para reduzir o custo dos alimentos na mesa dos brasileiros.
A inflação alta dos alimentos é, neste momento, o principal fator de desgaste da imagem do presidente, que tem registrado uma desaprovação maior do que sua aprovação nas pesquisas deste início de 2025.
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