Explosões de pagers no Líbano: Hezbollah usa aparelho da década de 1990 para fugir de rastreamento de Israel
Dispositivos de membros do grupo armado explodiram nesta terça (17), matando 8 e ferindo 2.750. Líder do Hezbollah havia ordenado uso de pagers para evitar que Israel acessasse GPS de celulares. Centenas de integrantes do Hezbollah ficam feridos no Líbano com explosão de pagers
Dezenas de pagers — dispositivos de recebimento de mensagens prévios ao celular — explodiram em série nesta terça-feira (17) no Líbano, matando oito pessoas e ferindo 2.750.
As explosões atingiram dispositivos usados pelo Hezbollah, grupo xiita que atua no Líbano e tem como princípio lutar contra Israel. O governo libanês acusou Israel, que ainda não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem, de provocar as explosões.
A suspeita de membros do Hezbollah, segundo a rede de TV Al Jazeera, é o serviço de inteligência israelense tenha conseguido detonar os pagers através de um ataque cibernético — que, caso confirmado, seria inédito na guerra entre Israel e Gaza.
Mas o ataque também revelou que o grupo utiliza os pagers, aparelhos criados na década de 1990 como única forma de comunicação.
Isso ocorre porque os dispositivos, apesar de terem se tornado obsoletos, mantêm uma característica útil para o grupo armado: é difícil rastreá-lo. Ao contrário de celulares e, principalmente, de smartphones, os pagers não têm dispositivos de geolocalização.
Por isso, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, havia recomendado, anos atrás, que os integrantes do Hezbollah não utlizassem qualquer tipo de aparelho celular e adotassem apenas o pager para se comunicar.
Após o ataque, o governo do Líbano inclusive instruiu que todas as pessoas que ainda têm pagers que jogassem fora o dispositivo.
Desde o início do conflito, o Hezbollah, que atua no sul do Líbano, perto da fronteira com Israel, tem lançado ataques contra o território israelense em apoio ao Hamas.
O ataque
Homem mostra como ficou pager após explosão
Telegram/Reprodução
Oito pessoas morreram e 2.750 ficaram feridas nesta terça-feira (17) após os pagers usados pelos membros do grupo armado libanês Hezbollah para se comunicar explodirem.
Segundo a Agência Nacional de Notícias estatal do Líbano, as primeiras explosões ocorreram nos subúrbios ao sul de Beirute, capital do país, um reduto do grupo armado apoiado pelo Irã, e depois seguiram em várias outras regiões.
O Hezbollah e o ministro da Saúde do Líbano acusaram Israel, que ainda não havia se pronunciado.
A onda de explosões durou cerca de uma hora após as detonações iniciais, que ocorreram por volta das 15h45 no horário local.
Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas.
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