Pediatra russa é condenada a 5 anos de prisão por criticar guerra na Ucrânia durante consulta
Nadezhda Buyanova tem 68 anos e teria feito comentário quando estava consultando filho de soldado russo desaparecido. Médica negou as acusações. A pediatra Nadezhda Buyanova foi condenada por suspostamente fazer críticas ao Exército da Rússia
Tatyana Makeyeva/AFP
A Justiça da Rússia condenou a cinco anos e meio de prisão uma pediatra de Moscou acusada pela mãe de um de seus pacientes de criticar a ofensiva russa à Ucrânia durante uma consulta. A sentença foi divulgada nesta terça-feira (12).
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O tribunal considerou culpada Nadezhda Buyanova, uma médica de 68 anos, que teria feito comentários críticos à ofensiva russa contra a Ucrânia.
A polêmica começou no dia 31 de janeiro, quando Anastasia Akinshina, companheira de um soldado desaparecido na frente de batalha na Ucrânia, denunciou a médica.
Anastasia é mãe de um menino de 7 anos que estava sendo examinado pela pediatra. Na consulta, a médica teria dito que o soldado desaparecido "era um alvo legítimo" para as Forças Armadas ucranianas e que "a Rússia era um país agressor que atacava civis ucranianos".
A pediatra rejeita essa versão e descreve Akinshina como "uma pessoa de caráter instável", que saiu "nervosa e infeliz" da consulta.
Após as acusações, a pediatra foi demitida. Ela afirmou que teve apenas dez minutos para recolher seus pertences e deixar o hospital onde havia trabalhado por quatro anos.
Em fevereiro, ela foi formalmente acusada. Já em abril, foi colocada sob custódia sob a acusação de "divulgar informações falsas" sobre os militares russos, supostamente motivada por "ódio étnico".
Um dos advogados da pediatra, Oscar Tcherdjiev, classificou a condenação como "dura e ilegal" durante uma entrevista. Ele disse que "nenhuma prova foi apresentada" contra a acusada.
A viúva do finado líder opositor Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, declarou que a médica enfrentou um "julgamento-espetáculo".
"Colocaram na prisão uma pessoa idosa em um caso completamente inventado. Por uma acusação política que não deveria existir em um país normal", escreveu Yulia na rede X.
Esse caso ilustra a repressão aos críticos da ofensiva militar contra a Ucrânia, ordenada em fevereiro de 2022 pelo presidente Vladimir Putin.
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